18 abril, 2007

Bruce Fowler - Ants Can Count (1995)






Bruce Lambourne Fowler tornou-se mais ou menos conhecido por sua longa passagem no grupo de Frank Zappa. Já tocou e gravou também com muitos outros artistas como Buddy Rich, Ella Fitzgerald, Toshiko Akiyoshi, Billy Cobham, Don Van Vliet e... a lista é longa. Vindo de uma família musical (seu pai era um educador musical; tem como irmãos o Tom Fowler, baixista, o Walt Fowler, compositor, arranjador e trompetista, e mais dois pelo menos), é, além de um músico expecional e com uma linguagem bem particular, um respeitado orquestrador de trilhas sonoras de filmes como "O Código Da Vinci", "Batman Begins", "O Último Samurai", "Gladiador", e muitos outros não-hollywoodianos.

Em seu nome, gravou até agora somente três álbuns, pelo que consegui me informar. Um deles é o que aqui disponho, o magnífico "Ants Can Count".
O disco é predominado por arranjos para instrumentos de sôpro, muitas vezes com formações não muito usuais como em "Mountain Mist", que conta com quatro metais, flauta, percussões e bateria.
São composições no campo da música erudita moderna, remetendo à música de câmara, sempre com a "roupagem" da música moderna, de vanguarda ("3mod2-1"), muitas vezes cambaleando num meio termo entre os dois (música moderna e outra que não citei), mas mais pra lá do que pra cá. O ouvinte se depara ora com melodias belíssimas, com um cárater sentimentalíssimo ("Winter In Maine"), ora com loucura total, piração atonal ("Duet For Flute And Trombone"), todas permeadas por lirismo. Numa ou noutra hora surgem solos improvisados inspirados, como na faixa título - um jazz livrão de 10 minutos de duração quase inteiramente improvisado -, ou então na música que tem o nome sugestivo de "Something Big", de uma delicadeza gorda e pesada. Tem ainda "One Man One Bone", que é um 'solo' de trombone, "Downriver", mais funkeada (fusion), e mais umas três no mais.
Enfim, é o que chamam de "Música Erudita Moderna", caminhando numa pororoca onde este tipo de música se encontra com o jazz, mas mais pra lá do que pra cá.


Músicas:
01 - Mountain Mist
02 - Ants Can Count
03 - 3mod2-1
04 - Ode to Stravinski and the American Indians
05 - Winter in Maine
06 - One Man One Bone
07 - Something Big
08 - Duet For Flute And Trombone
09 - Duet For French Horn and Trombone
10 - Downriver
11 - Let-'s Hope

Músicos:
Bruce Fowler - Composições, Arranjos, Trombones e Produção
Steve Fowler - Flauta e Sax Alto
Tom Fowler - Baixo
Ed Fowler - Baixo e Piano
Walt Fowler - Trompete
Suzette Moriarty - Trompa e Flugelhorn
Phil Teele - Trombones
Ed Mann - Percussões
Chester Thompson - Bateria
Clark Woodard - Bateria
Billy Mintz - Bateria


Links:
Parte 1 <256>

Parte 2 <256>

Contato: bruce@fowlerbrothers.com

02 outubro, 2006

Ed Motta - Aystelum (2005)



Idéias manifestadas em criação> Um verdadeiro "Medley Musical" onde a infusão sonora proporciona ao ouvinte estados elevados de "Awunism", "Patidid". Um disco em que de repente pode-se encontrar flutuando ao som de "É Muita Gig Véi!", voando em "Balendoah".
São parábolas melódicas, não somente, vestidas com "Abertura", cantadas "Na Rua" e dançadas "(...) Em Torno Dele".
Aqui "A Charada" se revela no amor "Guezagui", às vezes ambientado num "Samba Azul", às vezes contemplado em frente às prateleiras de cristal das antigas "Pharmácias".
Sem mais, isso e toda uma série de descobertas é "Aystelum".

ALTAMENTE RECOMENDADO.

Faixas:
01 - Awunism
02 - Pharmácias
03 - Aystelum
04 - É Muita Gig Véi!
05 - Samba Azul
06 - Balendoah
07 - O Musical Medley - Abertura
08 - O Musical Medley - Na rua
09 - O Musical Medley - Canção em Torno Dele
10 - A Charada
11 - Patidid
12 - Guezagui

Download link:
Aystelum

30 julho, 2006

Moving Gelatine Plates (1971) - Canterbury Scene




Resenha -

Movendo-se,
do deslizar no absurdo criativo
à sintetizada organização de estruturas desconexas.
Fecundas idéias,

voando de mãos dadas com a intuição
e naturalmente seguindo o sentido, instintivo.
Bolhas de som flutuantes
que, respirando em convívio,
exalam as perspectivas em festa
pro momento sonoro, o desconhecido.

Esmera criatividade
vestida de vanguardismo,
após um banho jazzístico e dois
ou três copos de lisergia, non troppo,
espressada paradoxalmente com humor,
lirismo, anarquia e gelatina.




27 julho, 2006

Moondog (1956) - Minimalismo Caipira <192 kbits>



Nada melhor do que começar esse blog com um verdadeiro clássico da originalidade - o primeiro (!) álbum desse artista tão singular que foi Louis Hardin, ou o Viking da Sexta Avenida, ou mais especificamente, Moondog - uma verdadeira figura do underground nova iorquino, e um dos grandes da música vanguardista em geral


Nascido em 26 de Maio de 1916, no Kansas, Louis Thomas Hardin mudou-se logo cedo com sua família para Wyoming, um estado caipira no oeste dos Estados Unidos dominado por montanhas distintas e famoso por ter a menor população de todos os estados do país, grande parte de tribos nativas. Lá, morava numa cabana de madeira, ia pra escola de cavalo e se sustentava com caça e pesca próprias. Um episódio que Moondog sempre fez questão de recordar foi quando o chefe de uma das tribos, Yellow Calf, o deixou tocar taumtaum, um instrumento feito de pele de búfalo.


Aos 13 (ou seria 16?) anos, um acidente com um dinamite o deixou cego, fato que certamente contribuiu para seu desenvolvimento perceptivo e auditivo. Estudou música numa escola para cegos, em St. Louis, mas a maior parte de sua formação teórica foi auto-didata, lendo livros em Braille sobre história da música e teoria musical. Nessa época, começou a escrever suas próprias peças, em Braille.


Em 1943, mudou para Nova Iorque, onde conheceu nomes como Bernstein, Toscanini, Charlie Parker e Benny Goodman. Tendo suas raízes nativas e uma vivência invulgar, e sendo exposto à novos horizontes, Moondog passou a projetar sua música num sentido visionário, expandindo a essência de suas fontes regionais com as técnicas sofisticadas de contraponto e as novas estruturas que estavam sendo exploradas nos temas modais. Mais tarde, Philip Glass e Steve Reich o apontaram como a gênese do minimalismo, ao que o humilde e espirituoso Moondog respondeu: "Bach já fazia minimalismo nas suas fugas. So what's new?"


A partir do disco aqui apresentado, o primeiro gravado pela Prestige, uma gravadora de jazz, sua obra começou a crescer - versátil, viva, surpreendente, plena de um sentido transversal às diversas visões e sensibilidades da América, caminhando numa intersecção entre as expressões eruditas e o jazz improvisacional, e entre a exploração destas canções modernas e de suas raízes na música nativa.
Conhecido naqueles tempos como o Viking de Manhattan, graças à seu visual excêntrico, quase "bizarro", passeava pelas ruas de Nova Iorque vendendo seus discos e suas partituras e tocando ao vivo.


Suas atividades editoriais e de palco só ficaram mais intensas e respeitadas entre os anos 70 e 90, apesar de bem antes já ter sido reconhecido nos meios musicais. Morreu em 1999, na Alemanha, aos 83 anos.







Para mais informações, o site oficial: http://www.moondogscorner.de


Então... ao disco.

O disco começa com percussões e incursões do piano fortemente rítmicas e explorando passagens musicais, melódicas e harmônicas, não tão comuns às chamadas músicas regionais daquela época. Aliás, no álbum inteiro predominam as percussões, que podem ser dos mais variados materiais, e podem ter sonoridades das mais distintas. Não há muito o que dizer sobre essa obra de arte a quem não ouviu. Eu diria para imaginar um Naná Vasconcelos de outras regiões. O ouvinte vai se deparar com violinos, gente conversando, orientalismo, natureza, coaxadas, instrumentos exóticos, trilhas, peixes, experimentações, dança, primitivismo, melodias marcantes e mais mil coisas que só ouvindo para entender. Tudo isso num âmbito minimalista, sem fincar o pé em nada que seja conhecido por nossos ouvidos, ávidos por coerência. São músicas curtas, que dificilmente ultrapassam os dois minutos; pouco mais de meia-hora de música que pode levar o ouvinte à lugares e ambientes dos mais desconhecidos e inesperados. Realmente, uma viagem surpreendente, uma experiência encantadora.

Track list:

01 - Caribea
02 - Lullaby
03 - Tree Trail
04 - Death, When You Come To Me
05 - Big Cat
06 - Frog Bog
07 - To A Sea Horse
08 - Dance Rehearsal
09 - Surf Session
10 - Trees Against The Sky
11 - Tap Dance
12 - Oo Debut
13 - Drum Suite
14 - Street Scene

Download: http://rapidshare.de/files/27267675/Moondog1956.zip.html